A perspectiva para o mercado de criptomoedas neste ano é promissora. De um lado, as moedas digitais continuam atraindo um número crescente de adeptos, tanto entre investidores de varejo quanto institucionais. Do outro, governos e reguladores têm adotado uma postura mais favorável em relação à tecnologia, com alguns até considerando a criação de reservas em Bitcoin (BTC).

Mas quais principais trends dever dar o tom para a indústria em 2025? David Duong, head global de research da Coinbase, falou na última quinta-feira (16) sobre as apostas da maior exchange de dos Estados Unidos no Onde Investir 2025, evento online que reuniu os maiores especialistas em economia, finanças e investimentos para orientar o investidor.

Confira abaixo as tendências listadas por Doung:

Reserva em Bitcoin

No ano passado, o presidente Donald Trump sinalizou que pode criar uma reserva estratégica de Bitcoin no país, seguindo exemplo de outros países, como El Salvador e Butão, que já adotaram a prática. Estados americanos, como Texas e Pensilvânia, também consideram a possibilidade. Na outra ponta, empresas como a MicroStrategy, de Michael Saylor, têm adicionado à criptomoeda como ativo de reserva de valor.

Para Duong, a discussão sobre criar reservas em Bitcoin será uma grande transformação internacional, centrada não somente nos EUA, mas em outros países também – o próprio Brasil chegou a discutir o tema. “Acredito que isso pode ser um grande catalisador para o novo ano. O único desafio é que não sabemos exatamente como será o cronograma para que isso se concretize”.

O head de research disse que a adoção do Bitcoin por empresas, como fez a MicroStrategy, também é percebida como uma tendência crescente. Segundo ele, os defensores das criptomoedas veem essa iniciativa como o início de um movimento mais amplo, com muitas outras companhias possivelmente começando a incluir Bitcoin em suas reservas no futuro. No entanto, ele ressaltou que avanços regulatórios são essenciais para que esse cenário realmente ocorra.

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“Precisamos ser realistas sobre o que isso significa. Porque, para muitas empresas menores que podem estar considerando colocar Bitcoin em suas reservas, ainda existem questões relacionadas à segurança e outras preocupações desse tipo. Então, veremos que, à medida que as regulamentações mudarem, talvez mais companhias comecem a considerar essa possibilidade”.

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IA

Outra aposta é a entrada cada vez maior dos agentes de inteligência artificial (sistemas avançados projetados para resolver problemas complexos e realizar diversas tarefas). “Acho que é o tema mais novo e quente que estamos vendo no cripto no momento”, disse Duong. Os agentes de IA “podem fazer para transformar a maneira como exchanges descentralizadas funcionam, entre outras coisas”.

Em relatório recente, a Coinbase disse que a principal questão agora é determinar como essas transformações com IA vão se traduzir em valor duradouro para tokens líquidos ou nas ações de empresas das empresas. Isso porque apesar de as criptos do setor terem visto valorização de preços, o crescimento de seu uso geralmente ficou atrás do aumento de preço no mesmo período.


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DeFi

No último ano, alguns players de criptomoedas começaram a falar que as finanças descentralizadas (DeFi) estariam “mortas”, de acordo Duong. O que se vê agora, no entanto, é esse setor ressurgir, impulsionado principalmente pelas perspectivas positivas sobre a criação de regras específicas.

“Parte disso se deve ao fato de estarmos vendo expectativas regulatórias mais claras, o que pode começar a permitir que certas transações aconteçam de forma mais ampla nos Estados Unidos e não apenas no exterior. Acho que isso pode ser algo muito importante”, falou.

Mercado de previsões

Uma das estrelas da corrida eleitoral dos EUA no ano passado foi o mercado de previsões, que dá aos usuários a possibilidade de comprar e vender contratos com base em resultados futuros. Enquanto as pesquisas eleitorais mostravam uma corrida acirrada, essas plataformas começaram a refletir uma vitória de Trump semanas antes do resultado.

Segundo o especialistas, elas mostraram seu valor real durante as eleições nos EUA. “E acho que, sim, existem variantes não baseadas em blockchain para mercados de previsões, mas as versões em blockchain foram as mais bem-sucedidas porque demonstraram o que os smart contracts (contratos inteligentes) podem fazer, como resolver conflitos automaticamente e realizar pagamentos, por exemplo”.

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Stablecoins

Por fim, outra grande tendência é o aumento do uso de stablecoins (criptomoedas estáveis), especialmente para pagamentos e transferências. Grandes empresas, como Visa, MasterCard, Stripe e PayPal vêm explorando seu uso. “Enviar US$ 200 internacionalmente custa, em média, 6,3% do valor total. Com stablecoins, esse custo pode ser de apenas 0,5%, talvez até 2%, considerando taxas de câmbio. Isso é muito mais eficiente”, disse Duong.