O Bitcoin (BTC) registrou uma queda massiva nesta terça-feira (25), atingindo a mínima de US$ 88.300 e acumulando uma desvalorização de 6% nas últimas 24 horas, resultado de um cenário de incerteza nos mercados financeiros globais.
A desvalorização da maior criptomoeda do mundo ocorre em meio à queda do índice da Nasdaq e ao fortalecimento do iene japonês, fatores que reacenderam temores de aversão ao risco semelhante à observada em agosto do ano passado.
A queda do Bitcoin também acompanha a resistência política nos Estados Unidos à adoção de reservas estaduais da criptomoeda. Apesar da postura pró-Bitcoin do presidente Donald Trump, propostas para criar reservas estatais em Montana, Dakota do Norte e Wyoming fracassaram.
O analista Valentin Fournier, da BRN, afirmou que essa relutância pode ser reflexo do receio de que os governos sejam acusados de especulação com fundos públicos. Fournier sugeriu que uma abordagem nacional, envolvendo a venda parcial das reservas de ouro do país ou a emissão de títulos, poderia ser um caminho mais viável.
Além do Bitcoin, altcoins sofreram perdas ainda mais acentuadas. O Ether (ETH) caiu 10,45%, sendo negociado a US$ 2.410, enquanto o XRP recuou 10,5% para US$ 2,21.
Já a Solana (SOL) teve a pior performance entre as criptomoedas de grande capitalização, desvalorizando 12,6%, sendo cotada a US$ 138,6. No geral, o mercado cripto perdeu 7% no último dia, segundo o CoinMarketCap.
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Perspectivas de recuperação
O cenário econômico global também tem pressionado os mercados. O índice da Nasdaq caiu 0,3% nesta terça-feira, ampliando a sequência de perdas acumuladas desde 18 de fevereiro, quando o índice recuou mais de 4%.
O iene japonês, tradicionalmente visto como ativo de proteção, valorizou quase 6% em seis semanas, impulsionado pelas expectativas de que o Banco do Japão (BOJ) aumentará as taxas de juros.
Situação semelhante ocorreu em julho de 2023, quando um fortalecimento do iene resultou em uma queda abrupta do Bitcoin, que despencou de US$ 65.000 para US$ 50.000 em poucos dias.
No campo das políticas comerciais, a decisão de Trump de impor tarifas sobre produtos canadenses e mexicanos após o fim da suspensão de 30 dias intensificou a aversão ao risco nos mercados tradicionais e afetou o setor de criptomoedas.
Enquanto isso, o Índice de Medo e Ganância do mercado cripto, que mede o sentimento dos investidores, caiu para 25, o menor nível dos últimos cinco meses.
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Entretanto, alguns analistas acreditam que a queda pode ser temporária. Geoffrey Kendrick, chefe de pesquisa de ativos digitais do Standard Chartered, afirmou que o preço médio de compra dos ETFs de Bitcoin desde a eleição dos EUA subiu para US$ 96.500, colocando os investidores institucionais em território negativo.
Ainda assim, Kendrick prevê um possível alívio no médio prazo, impulsionado pela queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA e pelos dados do PMI divulgados na última sexta-feira.
O mercado agora aguarda a divulgação do Índice de Preços de Gastos Pessoais (PCE) nos EUA na próxima sexta-feira. O indicador, considerado uma das principais métricas de inflação do Federal Reserve, pode definir o rumo da política monetária.
Dominick John, analista da Kronos Research, afirmou que se os dados apontarem para uma inflação mais próxima da meta de 2% do Fed, uma reversão de tendência no mercado cripto pode ocorrer.
Enquanto isso, traders seguem atentos ao suporte crítico do Bitcoin na faixa dos US$ 88.000. Se essa barreira for rompida, um movimento de baixa até a casa dos US$ 80.000 pode se tornar realidade.
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