Em meio ao medo extremo dos investidores (21%), o mercado de criptomoedas acumulava US$ 200 bilhões em saídas líquidas nas últimas 24 horas e recuava a um market cap de US$ 2,65 trilhões (-8%) na manhã desta sexta-feira (28). O Bitcoin (BTC) se mantinha sob forte pressão vendedora ao ser trocado de mãos por volta de US$ 80,2 mil (-7,4%) com retração acumulada semanal de 18,6% e a maioria das principais altcoins no vermelho.

O banho de sangue cripto se correlacionava ao FUD (medo, incerteza e dúvida) de outros mercados. O que também podia se percebido pela queda do S&P 500 e do Nasdaq, historicamente correlacionados ao desempenho do Bitcoin, encerrados respectivamente em 5.861,57 (-1,59%) e 18.544,42 pontos (-2,78%). 

A pressão vendedora sucedia a confirmação feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de início em 4 de março da cobrança de tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá, com exceção da produção canadense ligada a energia, além de 10% sobre importações da China. A medida é vista como um catalisador de inflação e um dos possíveis gatilhos de recessão nos EUA, que podem prolongar a volatilidade do Bitcoin, associado aos investimentos de risco.

Em relação à China, considerada o principal alvo para o início de uma guerra comercial que pode ter impacto global, Trump ainda ameaça barrar as exportações da Nvidia e frear o avanço da inteligência artificial (IA). No pregão do dia anterior, os papéis da fabricante de chips despencaram 8,48%, já que a empresa alertou o mercado sobre o aumento da concorrência global, apesar dos resultados otimistas no quarto trimestre do ano passado e possivelmente no primeiro trimestre desse ano.

No radar dos investidores de criptomoedas também está a divulgação do índice de preços para gastos de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), referente a janeiro nos  EUA, a ser divulgado nessa sexta pelo Bureau of Economic Analysis (BEA), agência do Departamento do Comércio estadunidense. Os dados devem apontar os próximos passos do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros e podem ampliar ainda mais a volatilidade do mercado de criptomoedas.

O cenário de medo dos investidores podia ser mensurado pelo avanço do Volatility Index (VIX), conhecido por índice do medo, a 20,73 pontos (+8,53%). Já os fundos negociados em bolsa (ETFs) estadunidenses baseados em negociação à vista (spot) de Bitcoin e Ethereum (ETH) mantiveram o fluxo de saídas líquidas, respectivamente de US$ 275,83 milhões e US$ 71,08 milhões, segundo dados da plataforma SoSoValue. 

No mercado de Futuros de criptomoedas, mais banho de sangue. De acordo com dados da plataforma Coinglass, o interesse aberto despencou a US$ 93 bilhões (-8,78%) enquanto o volume de negociações em 24 horas era de US$ 311,47 bilhões. Já a liquidação de traders alavancados de criptomoedas era de US$ 951 milhões (+22,2%) nesse período, sendo US$ 827,2 milhões em posições compradas (long) e US$ 122,9 milhões em posições vendidas (short).

O índice altseason, que afere o desempenho trimestral do 100 tokens mais bem capitalizados, mostrava fraqueza (22 pontos). O que, por outro lado, favorecia a busca por proteção dos investidores pela compra de stablecoins, lastreadas ao dólar americano principalmente. No grupo das principais altcoins em capitalização de mercado, o TAO derretia a US$ 304,78 (-16,2%), o TRUMP tombava a US$ 11,24 (-15,2%), o LDO dissolvia a US$ 1,19 (-14,7%), o RAY capotava a US$ 2,08 (-14,2%), o KAS recuava a US$ 0,075 (-13,9%), o SEI se retraía a US$ 0,23 (-13,5%), o VIRTUAL sangrava a US$ 0,99 (-13,1%) e o KAITO era negociado por US$ 2,02 (-27%).

Quanto às altas de dois dígitos percentuais, o WHITE alcançava US$ 0,00026 (+35,8%), o VON era trocado por US$ 0,00046 (+27,6%), o CAR orbitava US$ 7,26 (+23,5%),  o VERUM se convertia em US$ 1.499,91 (+20,6%), o MNT correspondia a US$ 0,16 (+18,5%), o HPO equivalia a US$ 0,052 (+13%) e o CKB estava avaliado em US$ 0,0067 (+10,4%).

Entre as novas listagens em exchanges de criptomoedas estavam KAITO na Bitkub, PHRZ e BGEO na BitMart, MEMHASH na Bitget, RED na Binance, SHEL na Bithum, Huobi, Poloniex, OKX e Bitrue, SUPER na AscendEX e DEFAI na Gate.io.

No dia anterior, uma nova criptomoeda disparou 6.800% em listagem e airdrop na Binance e Bitget em meio a pressão sobre o Bitcoin, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.