O fechamento semanal deste domingo, 9 de março, pode dar prosseguimento à tendência de baixa do preço do Bitcoin iniciada em fevereiro, aprofundando o sentimento negativo entre os investidores, antencipando o possível início de um novo mercado de baixa das criptomoedas, alerta Charles Edwards, fundador do fundo de hedge Capriole Investments.
Na mais recente edição do boletim de mercado da Capriole, Edwards projetou que o Bitcoin (BTC) confirmaria um padrão de distribuição de Wyckoff, caso não recuperasse o suporte de US$ 92.000:
“O colapso do preço de US$ 90 mil no final de fevereiro foi um sinal substancial de fraqueza que fez com que o Bitcoin caísse rapidamente para US$ 79 mil. Esse declínio colocou em jogo o padrão de distribuição de Wyckoff conforme o gráfico abaixo, um movimento que sugere a manutenção da tendência de baixa daqui por diante.”
A rejeição do Bitcoin na região dos US$ 92.000 em 6 de março e a queda subsequente até os US$ 81.000 reforça a perspectiva de novas baixas para o Bitcoin.
Gráfico diário anotado BTC/USDT (Binance) indicado padrão de distribuição de Wyckoff. Fonte: Capriole Investments
Especialmente porque o movimento descendente se consolidou após a ordem executiva assinada por Donald Trump em 6 de março, estabelecendo uma “Reserva Estratégica de Bitcoin” e um “Estoque de Ativos Digitais nos EUA, e a realização da Cúpula das Criptomoedas da Casa Branca, no dia seguinte.
Ambos os eventos tiveram uma recepção fria por parte da comunidade, ao contrário das expectativas de Edwards, que se refletiu diretamente na ação de preço do Bitcoin. Nas últimas 24 horas, a cotação do par BTC/USD registra perdas de 4,1%, de acordo com dados da CoinGecko.
“Se conseguíssemos encerrar a semana acima de US$ 92 mil, isso sugeriria uma recuperação da faixa com uma alta probabilidade de movimento até a faixa de US$ 100 mil, pelo menos – se não mais”, afirmou Edwards.
“No entanto, enquanto estivermos negociando abaixo de US$ 92 mil diariamente, o cenário de baixa está em jogo e é prudente gerenciar o risco de acordo”, acrescentou o executivo.
Com o Bitcoin sendo negociado entre US$ 80.000 e 90.000 desde a última semana de fevereiro, o mercado testemunhou eventos de liquidação de traders alavancados sem precedentes na história das criptomoedas, um colapso nos juros em aberto de futuros de BTC e um banho de sangue que tecnicamente coloca as altcoins em um mercado de baixa.
Além das incertezas no cenário macroeconômico com a guerra comercial de Trump e a política de manutenção das taxas de juros em torno de 4,5% do Banco Central dos EUA (Fed), o próprio mercado de criptomoedas estaria dando sinais de fraqueza que apontam para o começo de um mercado de baixa, diz Edwards:
“É difícil de acreditar, mas, embora o Bitcoin tenha caído apenas 28% em relação ao seu topo histórico, os líderes do mercado de altcoins caíram em grande parte bem mais de 50% (Solana caiu 60% e o Ethereum 50%), com outros ativos mais especulativos atingindo mínimas típicas de mercados de baixa. A memecoin de Trump, com dois meses de idade, caiu 85% em relação às suas máximas.”
Para Edwards, no entanto, o desempenho atípico das altcoins não basta para confirmar que já estamos em um mercado de baixa, dadas as particularidades do ciclo atual.
O executivo argumenta que os fluxos de capital que impulsionaram a alta do Bitcoin em 2024 vieram de investidores de ETFs e institucionais, os quais têm pouco ou nenhum interesse em altcoins. Haja visto os fluxos dos ETFs de Ethereum (ETH).
Por sua vez, o mercado de altcoins foi dominado por apostas em memecoins e narrativas de curta duração em detrimento dos fundamentos das tecnologias e produtos subjacentes.
Assim, os saques contínuos registrados nos ETFs de Bitcoin nas últimas semanas são um motivo adicional para preocupação. A continuação do movimento descendente do Bitcoin acende um grande sinal de alerta para os investidores, diz Edwards:
“Embora o gráfico do Bitcoin não pareça totalmente catastrófico hoje, é importante observar que ocorreram danos significativos em todo o mercado de criptomoedas. Esse banho de sangue das altcoins é bastante incomum neste ponto do ciclo, Normalmente, não é algo que veríamos no início de um movimento ascendente maior.”
Efeitos da Reserva Estratégica de Bitcoin
No boletim divulgado antes da promulgação da ordem executiva de Trump, Edwards previu que o anúncio da “Reserva Estratégica de Bitcoin” teria efeito limitado se o governo dos EUA não se comprometesse a adquirir BTCs ativamente.
Embora essa possibilidade seja contemplada no texto da ordem executiva, desde que por meio de “estratégias orçamentárias neutras” que não incorram em custos adicionais para os contribuintes, inicialmente a reserva será constituída por Bitcoins que já estão sob posse governamental, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.
“O mercado digeriu o fato de que ainda não há um roteiro tangível para que a reserva estratégica seja aprovada pelo Congresso ou maior clareza sobre o financiamento para adquirir ativos digitais adicionais”, afirmou Edwards. “A ocorrência da Reserva Estratética de Bitcoin neste ciclo (em 2025) é uma incógnita hoje. Até obtermos uma orientação mais firme, faz sentido nos posicionarmos de forma conservadora”, concluiu o executivo.
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