Tudo sobre Inteligência Artificial
As novas regras anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesta semana buscam aumentar o controle do país sobre o destino das exportações globais de chips de inteligência artificial (IA). O objetivo é frear o avanço tecnológico da China, mas países como o Brasil também serão impactados.
A nova política impõe cotas para a maioria dos governos do mundo sobre as vendas de GPUs, chips essenciais para o desenvolvimento de grandes modelos de IA. Ela também impede que as empresas norte-americanas compartilhem detalhes técnicos dos modelos mais avançados.
Casa Branca quer evitar que tecnologia de IA chegue aos chineses
As novas regras classificam os países do mundo em três níveis. Para o primeiro deles, composto pelos principais aliados dos Estados Unidos, como Reino Unido, Japão, Austrália e Taiwan, não há o estabelecimento de restrições.
O grupo dois, onde está o Brasil e a maior parte das outras nações, prevê controles intermediários de acesso à tecnologia. As cotas impedem que as empresas desses países importem mais de 1,7 mil GPUs de ponta por ano. O objetivo é permitir a maioria dos projetos de IA, mas impedir a conclusão de grandes centros de dados, necessários para desenvolver novos modelos de inteligência artificial.
Além disso, as empresas norte-americanas terão que obter aprovação do governo dos EUA para construir grandes data centers nestes países. E as companhias estrangeiras terão que solicitar a permissão da Casa Branca para esses projetos sob a condição de requisitos rigorosos de segurança e auditoria.
Vai dificultar bastante a criação de IA brasileira. Para desenvolver grandes modelos de linguagem são necessárias três etapas. A mais cara delas é o pré-treino, cujo custo é na casa dos milhões de dólares. Todos os modelos desenvolvidos no Brasil são derivados desses pré-treinos. Com as novas regras, a gente teria que pedir autorização do governo americano para usar uma aplicação dessas. Isso torna o processo burocrático e nos tira a agilidade em inovação. Tempo em inovação é muito importante.
Anderson Soares, coordenador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG)
Por fim, o grupo três não poderá importar nenhum tipo de tecnologia. Fazem parte deste grupo países considerados inimigos dos EUA, caso da China, Rússia, Irã e Venezuela. Lembrando que o presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo no próximo dia 20, vai decidir se manterá as novas regras. As informações são do Estadão.
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Disputa pela hegemonia tecnológica mundial
- Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.
- O movimento tem sido chamado de “guerra dos chips“.
- Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.
- Além disso, cidadãos norte-americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.
- Neste cenário, uma possível diminuição dos investimentos e até da produção de chips em Taiwan poderia prejudicar o movimento da Casa Branca, beneficiando os rivais chineses, que já buscam alternativas a partir da valorização da indústria doméstica.
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