Após a polêmica recente sobre a venda de dados da íris envolvendo a World e sua criptomoeda Worldcoin, o legislativo brasileiro começa a discutir mudanças na LGPD.

Isso porque, na última quinta-feira (6), o Deputado Aureo Ribeiro (SD-RJ), responsável pela lei que regulou o mercado de criptomoedas no final de 2022, agora voltou a apresentar um projeto que deve acabar com a prática.

Altera a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)“, diz o trecho principal do novo PL.

Deputado envia proposta para alterações na LGPD no Brasil
Deputado envia proposta para alterações na LGPD no Brasil. Reprodução.

Após polêmica venda de íris por criptomoedas, deputado quer mudar LGPD para coibir futura venda de dados pessoais

O novo projeto de lei a que o Livecoins obteve acesso indica que a proposta de Aureo Ribeiro quer coibir em primeiro lugar a venda de íris por brasileiros. Assim, caso aprovado, a prática se torna proibida.

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Além disso, passa a ser “vedada a comercialização de dados pessoais sensíveis, inclusive os dados biométricos da íris, mediante qualquer forma de contraprestação financeira ou econômica“, diz o artigo 2º do projeto.

Mas caso alguma empresa colete dados de brasileiros, a prática deve garantir direitos fundamentais, como a exclusão dos dados, caso solicitado pelo dono. O consentimento para coleta de dados pessoais deve ter conivência das pessoas para cada item, podendo o dono pedir acesso aos mesmos e ter direito a isso.

O presente Projeto de Lei visa alterar a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, denominada Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), com o objetivo de vedar a comercialização de dados pessoas sensíveis, como que vem ocorrendo na “venda de íris”. Recentemente, foi noticiado que a empresa Tools for Humanity tem realizado compensações financeiras, por meio de ofertas de criptomoedas ou valores em reais, para que cidadãos brasileiros forneçam dados biométricos de sua íris. Diante disso, a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) emitiu um comunicado, em 24 de janeiro, classificando a prática como “grave”, especialmente devido à impossibilidade de revogação irreversível do consentimento. A agência também destacou a falta de transparência e clareza sobre a finalidade e o tratamento desses dados“, diz o deputado em sua justificativa.

Deputado diz haver lacunas na LGPD

No caso da venda de íris por criptomoedas que incentivou o deputado a apresentar mudanças na LGPD, Aureo finaliza a justificativa para seu projeto reforçando seu entendimento.

Assim, ele declarou que há lacunas na LGPD que atrapalharam até a recente polêmica no Brasil. Isso porque, caso a lei já proibisse a prática de venda de dados pessoais, a ANPD poderia ter agido mais rápido e com mais rigor.

O processo ainda está em fase inicial e poderá levar anos de discussões, devendo contar com aprovação da maioria do Congresso Nacional.