O preço do Bitcoin deve voltar a uma região crítica nos próximos dias, próxima aos US$ 69.000 que marcaram o topo do ciclo de alta de 2021, prevê Diego Pohl, analista da Crypto Investidor.
O sentimento negativo ganhou força à medida que o Bitcoin (BTC) registrou o pior fechamento semanal desde o mercado de baixa de 2022 no domingo, 9 de março. A queda de 14,3% ocorreu apenas dois dias depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva criando uma “Reserva Estratégica de Bitcoin” e um “Estoque de Ativos Digitais” nos EUA.
Apesar das perspectivas positivas para o Bitcoin e as criptomoedas no longo prazo, as boas notícias dos últimos dias não foram suficientes para reverter a tendência de queda iniciada após o recorde histórico de US$ 108.700, registrado em 20 de janeiro.
A sangria se manteve na abertura dos mercados nesta segunda-feira, 11, com o par BTC/USD voltando a ser negociado abaixo do suporte de US$ 80.000, com uma queda de 26,5% em relação à sua máxima histórica.
Apesar da mudança radical na política governamental para as criptomoedas promovida por Trump, os investidores ficaram frustrados pelo fato de que as reservas inicialmente serão compostas exclusivamente por Bitcoins e criptomoedas já sob posse do governo.
A ordem executiva determina que os secretários do Comércio e do Tesouro estudem “estratégias orçamentárias neutras” para adquirir Bitcoin adicional, sem custos para os contribuintes, mas não prevê compras imediatas de criptomoedas pelo governo.
Incertezas macroeconômbicas abalam o Bitcoin
A situação torna-se ainda mais preocupante porque a correção não se limita ao mercado de criptomoedas. O boletim diário da Ecoinometrics destacou que o Índice Nasdaq100 violou recentemente sua média móvel de 200 períodos no gráfico diário, “sinalizando potenciais problemas adicionais para o Bitcoin” devido à correlação atual entre ambos os mercados:
“A análise do mercado mostra uma chance de 45% de o Bitcoin passar de uma consolidação neutra para uma tendência de baixa de 30 dias, se essa situação persistir. Essa fase de baixa normalmente resulta em retornos mensais de -5% e maior volatilidade, tornando a tendência mais ampla do mercado um fator de risco importante para o desempenho do Bitcoin no curto prazo.”
Há um movimento de aversão ao risco no momento, graças principalmente a fatores macroeconômicos. A economia americana dá claros sinais de desaquecimento, com previsão de queda na atividade econômica no primeiro trimestre de 2025.
O mercado de trabalho abriu 151.000 vagas de emprego em fevereiro – abaixo das esperadas 170.000. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego nos últimos 12 meses subiu para 4,1%, em parte devido aos cortes em cargos públicos promovidos pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk.
Nesta semana serão divulgados os índices de preços ao consumidor e ao produtor para fevereiro nos EUA, adicionando os dados da inflação à equação em meio à guerra comercial travada pelo governo Trump.
O presidente do Banco Central dos EUA (Fed), Jerome Powell, manteve a prudência ao abordar a possibilidade de retomada dos cortes de juros. Em participação no Fórum de Política Monetária dos EUA, na última sexta-feira, 7, Powell repetiu o discurso de que o Fed continua a “monitorar uma variedade de indicadores” para determinar o direcionamento da política monetária.
Powell acrescentou ainda que o foco do Fed no momento está voltado para o impacto das tarifas comerciais sobre a inflação, os gastos dos consumidores e o mercado de trabalho.
Apesar das declarações pouco assertivas do presidente do Fed, o mercado avalia que podem ocorrer até três cortes de juros ainda em 2025. Dados da FedWatch Tool da CME apontam uma probabilidade de 53,5% de que haja uma redução de 0,25% nos juros na reunião marcada para 18 de junho.
Há também 41,5% de chances de que um novo corte da mesma magnitude ocorra na reunião de julho, com uma redução adicional em outubro, após uma pausa em setembro. Se confirmada, a mudança na política monetária do Fed ofereceria um alívio para os ativos de risco até o final do ano.
Análise de preço do Bitcoin
No curto prazo, a tendência é que novas mínimas sejam buscadas, afirmou Pohl ao Cointelegraph Brasil. O analista destacou que a região dos US$ 72.000 concentra a maior liquidez do mercado e provavelmente será testada caso os touros não sustentem os US$ 80.000, conforme delineado no gráfico abaixo.
Gráfico diário anotado de futuros perpétuos BTC/USD. Fonte: Crypto Investidor
A região dos US$ 70.000 representa um suporte crítico para o preço do Bitcoin, uma vez que está muit próxima do topo do ciclo de alta de 2021 de US$ 69.000
A esta altura, uma improvável reversão de alta dependeria do rompimento da resistência estabelecida em torno dos US$ 89.000. O próximo alvo de alta, segundo Pohl estaria na região dos US$ 95.000.
Se superados, estes níveis poderiam encaminhar o preço do Bitcoin a uma nova máxima histórica em torno de US$ 110.000, preparando o terreno para a última etapa do mercado de alta, cujo alvo final segue sendo os US$ 150.000, de acordo com o analista da Crypto Investidor.
A queda recente teria motivado uma retomada da atividade das baleias e dos tubarões do Bitcoin, segundo a plataforma de dados on-chain Santiment, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.
“Os preços ainda não reagiram às compras destas entidades, mas não se surpreenda se a segunda metade de março acabar sendo muito melhor do que o banho de sangue que vimos desde a máxima histórica do Bitcoin há 7 semanas… assumindo que essas grandes entidades continuem acumulando moedas”, projetou a Santiment.
Aviso: Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar uma decisão.
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