Apesar de admitirem o grande avanço da China, analistas do setor de IA afirmam que o novo modelo não coloca em risco a existência do ChatGPT

Ícones dos aplicativos do ChatGPT e do DeepSeek na tela inicial de iPhone
(Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

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A chegada do DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, acirrou a disputa entre Estados Unidos e China. O principal temor dos países ocidentais é que esta ferramenta possa ameaçar as empresas dominantes do setor.

A OpenAI, dona do ChatGPT, por exemplo, foi especificamente nominada pelos chineses. Segundo eles, a nova IA é mais eficiente e muito mais barata do que o famoso chatbot. No entanto, diversos especialistas estão minimizando esta possibilidade.

Tecnologia chinesa ainda apresenta limitações importantes

Líderes de grandes empresas tecnológicas se debruçaram sobre o assunto durante a Cúpula de Ação de Inteligência Artificial, realizada na França nos últimos dias. Apesar de admitirem o grande avanço da China, eles concordam que alguns temores são exagerados.

Um dos problemas do DeepSeek citados é a censura sobre alguns assuntos. Por exemplo, quando questionada sobre o massacre da Praça da Paz Celestial, em 1989, a ferramenta responde: “Desculpe, isso está além do meu escopo atual. Vamos falar sobre outra coisa”.


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Riscos relacionados ao DeepSeek podem ser exagerados (Imagem: QINQIE99/Shutterstock)

Em função disso, o CEO da plataforma de vídeo de IA Synthesia, Victor Riparbelli, acredita que a migração de usuários de outras plataformas, como o ChatGPT, para o chatbot chinês será bastante limitada. Já Meredith Whitaker, presidente da Signal Foundation, afirmou que os modelos de IA maiores ainda estão à frente e não devem perder esta vantagem da noite para o dia. As declarações foram dadas para a CNBC.

Além disso, um relatório da empresa de pesquisa de semicondutores SemiAnalysis estimou que os gastos com hardware foram “bem maiores” do que a empresa chinesa informou. De qualquer forma, parece unânime a avaliação de que o lançamento do chatbot confirma que a China está muito mais avançada tecnologicamente do que se imaginava até então.

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Tela inicial do DeepSeek em um smartphone
Chatbot chinês virou sensação e atraiu olhares do mundo todo (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

DeepSeek é considerada uma ameaça para outras gigantes do setor

  • A IA do DeepSeek foi projetada para lidar com tarefas complexas de raciocínio e tem apresentado resultados que vêm surpreendendo o mercado.
  • O grande diferencial é o baixo custo da tecnologia, o que pode ameaçar a posição dominante dos principais players.
  • Para se ter uma ideia, o modelo chinês foi treinado ao custo de aproximadamente US$ 6 milhões, enquanto ferramentas como o Llama 3.1, da Meta, custaram mais de US$ 60 milhões para serem desenvolvidos.
  • A empresa chinesa adota estratégias como o chamado aprendizado por reforço, que permite que os modelos aprendam por tentativa e erro.
  • Além disso, ativa apenas uma fração dos parâmetros do modelo para tarefas específicas, economizando recursos computacionais.
  • E melhora a capacidade dos modelos de processar dados e identificar padrões complexos.
  • A startup ainda adota um modelo parcialmente aberto, permitindo que pesquisadores acessem seus algoritmos.
  • Isso democratiza o acesso à IA avançada e promove maior colaboração na comunidade global de pesquisa.


Alessandro Di Lorenzo

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital