A comunidade do Bitcoin vive uma disputa há anos sobre aumentar o tamanho dos blocos ou mantê-lo nos níveis atuais. No entanto, o desenvolvedor Luke Dashjr apresentou uma proposta inusitada nesta terça-feira (28), querendo reduzir a capacidade de transações do Bitcoin.
Sua ideia é um soft fork que seria implementado entre junho e dezembro deste ano. Nos comentários, muitos se mostraram contra a proposta, alguns argumentando que hoje o mundo possui uma tecnologia melhor tanto em termos de velocidade de internet quanto de armazenamento de disco, podendo sustentar até mesmo blocos maiores que os atuais.
Em contra-ponto, Dashjr respondeu a vários deles com um vídeo dele mesmo em uma conferência de 2019.
Bitcoin com blocos ainda menores?
Devido a soft forks passados, como SegWit e Taproot, os blocos de Bitcoin passaram de 1 MB para 4 MB de capacidade. Para surpresa de muitos, o desenvolvedor Luke Dashjr continuou usando endereços do tipo legacy (que começam com 1), sendo contra esse aumento quase oculto.
Nesta terça-feira (28), Dashjr voltou a falar sobre o tamanho dos blocos. Em suas redes sociais, o desenvolvedor questionou seus seguidores sobre uma redução dos blocos para apenas 300 kB, ou seja, 7,5% da capacidade atual de 4 MB.
“Quais são as suas opiniões sobre um softfork para limitar o tamanho dos blocos do Bitcoin a 300k entre junho e dezembro de 2025?”
Excluindo os votos “nulos”, cerca de 68% votaram em “não” e outros 32% se mostraram favoráveis à proposta de alguma forma.
Nos comentários, um seguidor afirmou que “se não está quebrado, não mexa”, mas Dashjr argumenta que “tudo indica que já está muito quebrado”. Em 2023, o desenvolvedor entrou em uma grande batalha contra os NFTs na rede do Bitcoin e prometeu exterminá-los.
Até agora, ele perdeu todas as batalhas, mas segue na guerra.
Desenvolvedor argumenta que a tecnologia não acompanha o crescimento do Bitcoin
Para outros seguidores contra sua ideia, Luke Dashjr respondeu com um vídeo de 2019 onde ele argumenta que a tecnologia não está evoluindo para acompanhar o Bitcoin. Dentre outros pontos mencionados está a migração do mundo para aparelhos móveis.
“Há alguns anos, eu conseguia rodar um full no de Bitcoin em meu celular, ainda que os celulares tivessem uma capacidade menor, isso não usava muitos dados”, comentou Dashjr em 2019. “Agora está em uma linha tênue. As pessoas ainda fazem isso, mas não muitas, e, como tudo, está ficando mais difícil.”
“Ao mesmo tempo, a sociedade está se movendo de forma que as pessoas não querem mais computadores em casa; elas querem apenas usar smartphones.”
Em gráfico, exibido na foto de capa desta matéria, o desenvolvedor nota que blocos de 300 kB significariam um full node de 500 GB em 2039. Como comparação, blocos de 1 MB e 8 MB chegariam a 1,24 TB e 8,6 TB, respectivamente, na mesma data.
Outros pontos levantados é a demora para sincronizar um full node do zero, o que pode desincentivar mais pessoas a fazerem isso. Além disso, ele também argumenta que nem todas as transações precisam da segurança do Bitcoin e poderiam ser processadas em camadas secundárias.
Por fim, sua preocupação está focada na descentralização do Bitcoin. Já o timing de sua campanha ocorre em um momento oportuno, onde as taxas de transação estão tão baixas quanto 1sat/vB. O vídeo em questão pode ser assistido na íntegra abaixo.
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