A agência dos Estados Unidos Homeland Security Investigations (HSI), em parceria com a Polícia Federal (PF), prendeu nesta terça-feira (4) um brasileiro procurado pela Justiça desde 2021. A captura ocorreu na Flórida, Estados Unidos. O suspeito estaria ligado ao Faraó dos Bitcoins, Glaidson Acácio dos Santos.
O homem é suspeito de integrar uma organização criminosa investigada na Operação Kryptos. O grupo desviou mais de R$ 38 bilhões por meio de uma pirâmide financeira envolvendo falsos investimentos em criptomoedas.
De acordo com as investigações, o foragido fugiu do Brasil utilizando um passaporte falso e se estabeleceu nos Estados Unidos, onde continuou atuando em nome do esquema criminoso. Ele era responsável por movimentações financeiras, aquisição de bens, criação de empresas de fachada e compra de criptoativos. Além disso, facilitava a obtenção de documentos migratórios ilegais para outros membros da organização.
A captura foi possível após meses de cooperação entre a PF e as autoridades dos EUA. As autoridades internacionais procuravam o brasileiro desde agosto de 2022, quando a Interpol emitiu uma Difusão Vermelha contra ele. Ele estava na região de Miami no momento da captura.
O preso permanecerá sob custódia nos Estados Unidos até que se defina seu processo de extradiçãoa ou deportação para o Brasil. Aqui, ele enfrentará acusações de fraude, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Esses crimes podem render até 26 anos de prisão.
O que é a Operação Kryptos
A Operação Kryptos, deflagrada pela Polícia Federal em agosto de 2021, é uma das maiores investigações de crimes financeiros da história do Brasil. A operação visa desarticular uma complexa organização criminosa especializada em fraudes bilionárias, lavagem de dinheiro e esquemas envolvendo criptomoedas.
A investigação começou com a descoberta de uma pirâmide financeira que prometia altos rendimentos em investimentos fictícios em criptomoedas. Os criminosos utilizavam técnicas avançadas de engenharia social, malware e criptografia para invadir sistemas bancários e ocultar o rastro do dinheiro desviado. Além disso, o esquema contava com uma rede de empresas de fachada, laranjas e testas de ferro para movimentar recursos ilícitos.
A operação se desdobrou em várias fases, como a Operação Valeta, que prendeu uma advogada responsável por intermediar movimentações financeiras ilícitas, e a Operação Flanelinha, que recuperou veículos de luxo avaliados em US$ 4 milhões de reais.
Em 2024, a Kryptos ganhou um novo capítulo com foco no combate à lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas, resultando no bloqueio de mais de US$ 3,5 milhões de reais em bens.
A operação também teve desdobramentos internacionais, com a prisão de foragidos em países como Estados Unidos e República Dominicana. Entre os presos estão operadores financeiros, administradores de empresas de fachada e líderes do esquema, que agora enfrentam acusações como fraude, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas que podem chegar a 40 anos de prisão.
Faraó dos Bitcoins
A principal investigada na Operação Kryptos é a GAS Consultoria, liderada pelo Faraó dos Bitcoins, preso desde 2021.
Glaidson ascendeu ao status de milionário em apenas sete anos após fundar a GAS Consultoria Bitcoin. A empresa prometia lucros de até 10% em investimentos em criptomoedas.
Mas, segundo investigações da PF e do MPF, a empresa não realizava efetivamente os investimentos. Em vez disso, pagava os lucros aos clientes com o dinheiro de novos investidores, características típicas de um esquema de pirâmide financeira.
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