O DeepSeek viralizou. Se você acompanha o mundo da tecnologia, deve ter ficado no mínimo curioso para testar a inteligência artificial (IA) chinesa nos últimos dias. Como é preciso se cadastrar para usar o chatbot, muitos podem ter criado contas no calor da empolgação sem ler os termos de uso. Agora é um bom momento para você tirar três minutos e entender o que a empresa faz com seus dados quando você usa a IA dela.

Por se tratar de uma plataforma chinesa, o chatbot da DeepSeek coleta e envia dados dos usuários – incluindo suas conversas com a IA – para servidores na China, naturalmente. O aplicativo está disponível para download nas lojas da Apple e do Google. Mas até a publicação desta matéria a empresa não tinha retomado cadastros de usuários (interrupção ocorreu após startup ser alvo de ciberataques).

Para começar, a página sobre a política de privacidade da DeepSeek diz o seguinte sobre armazenamento de dados: “As informações pessoais que coletamos de você podem ser armazenadas em um servidor localizado fora do país onde você reside. Armazenamos as informações que coletamos em servidores seguros localizados na República Popular da China.”

  • Vale mencionar: os dados são armazenados “pelo tempo necessário” para fornecer os serviços do DeepSeek e para outros fins.
Celular com logotipo do DeepSeek na tela colocado sobre mesa de madeira rodeado de materiais de escritório como lápis e carregador
Quando você cria conta no DeepSeek, empresa passa a coletar diversos tipos de informação a seu respeito (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

Quando você cria conta no DeepSeek, a empresa por trás da IA chinesa começa a coletar informações sobre você da seguinte forma:

  • Informações de perfil: “Coletamos informações que você fornece ao criar uma conta, como sua data de nascimento (quando aplicável), nome de usuário, endereço de e-mail e/ou número de telefone, e senha”;
  • Entradas do usuário: “Quando você usa nossos serviços, podemos coletar seu texto ou entrada de áudio, prompt, arquivos enviados, feedback, histórico de chats ou outro conteúdo que você forneça ao nosso modelo e serviços”;
  • Informações de quando você contata a empresa: “Quando você entra em contato conosco, coletamos as informações que nos envia, como prova de identidade ou idade, feedback ou perguntas sobre o uso do serviço ou informações sobre possíveis violações dos nossos Termos de Serviço (nossos “Termos”) ou outras políticas.”

A empresa também coleta informações sobre como você acessa o DeepSeek e quais dispositivos você usa. Ela até coleta “padrões ou ritmos de teclas”. Também há informações sobre uso, cookies e pagamento.

Parceiros da DeepSeek

Pessoa segurando celular com logomarca da DeepSeek na tela
DeepSeek envia seus dados para parceiros – entre eles, Baidu e Volces (Imagem: Mojahid Mottakin/Shutterstock)

Falando em dinheiro, há dados de usuário provenientes de “parceiros de publicidade, medição e outros”. Nas palavras da DeepSeek:

“Anunciantes, medição e outros parceiros compartilham informações conosco sobre você e as ações que você realizou fora do serviço, como suas atividades em outros sites e aplicativos ou em lojas, incluindo os produtos ou serviços que você comprou, online ou pessoalmente. Esses parceiros também compartilham informações conosco, como identificadores móveis para publicidade, endereços de e-mail e números de telefone criptografados e identificadores de cookies, que usamos para ajudar a combinar você e suas ações fora do serviço.”

Quanto aos parceiros com os quais o DeepSeek pode compartilhar seus dados, a empresa os envia para o Baidu e Volces, conforme revelado pela Wired. Mas os usuários têm seus direitos, claro. Segundo a startup de IA chinesa, eles incluem:


” (…) O direito de acessar, alterar, se opor, solicitar uma cópia de sua autorização, apresentar reclamações perante as autoridades competentes, retirar seu consentimento ou limitar nossa coleta e uso de suas informações pessoais, assim como solicitar que as deletamos, e possivelmente outros.”

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Importância dos Termos de Uso

Esse juridiquês todo pode ser tedioso. Mas estar ciente dele é importante. No geral, a política de privacidade do DeepSeek é semelhante à política de qualquer aplicativo, seja da China ou de outros países. No entanto, por se tratar de uma plataforma de IA, todo cuidado é pouco.

Celular com logotipo da DeepSeek na tela colocado na frente de tela exibindo bandeira da China
DeepSeek armazena seus dados em servidores na China e “a transparência não é perfeita” (Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock)

Por que? Em suma, porque a empresa pode coletar tudo o que você colocar nas mensagens para o chatbot (leia o item “Entrada de usuário” de novo para relembrar). A partir dessa prerrogativa, pode coletar todo tipo de informação que você colocar voluntariamente no chatbot.

  • Por isso, vale aquela velha máxima: evite colocar informações sensíveis e importantes nas mensagens, seja em texto, imagens, áudio.

Além disso, esta matéria publicada pelo site BGR destaca o seguinte “elefante na sala”: “Embora a política de privacidade pareça estar no mesmo nível do que você esperaria da OpenAI, Google, Anthropic e Meta, há uma distinção clara aqui que vou reforçar novamente. Todos os dados são enviados para a China, e a transparência não é perfeita.”

O redator continua: “Não temos como saber se o DeepSeek está realmente protegendo os dados dos usuários da melhor forma ou se dará ao governo chinês acesso total a esses dados.”

O recado é simples. Quer experimentar o DeepSeek? Quer incorporá-lo à sua rotina? Vá em frente. Mas cuidado. Saiba como a IA chinesa trata seus dados e sua privacidade. E evite colocar informações sensíveis nela. No mais, divirta-se.