O presidente da Argentina, Javier Milei, negou que tenha promovido a criptomoeda $LIBRA e afirmou que apenas “divulgou” o projeto em sua rede social. A declaração foi dada ao canal de TV local TN, pouco depois de o mandatário argentino voltar a compartilhar informações sobre o ativo digital em sua conta na rede X.

A postagem foi interpretada como um novo incentivo à compra da criptomoeda, levando a um aumento de mais de 120% no valor do ativo – antes de mais uma queda abrupta.

Ainda assim, Milei tentou se desvincular da polêmica, alegando que não teve participação ativa na promoção da criptomoeda. “Eu não promovi [o suposto golpe]; o divulguei”, declarou o presidente, argumentando ter agido “de boa fé”.

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O escândalo envolvendo a moeda digital, que valorizou rapidamente e depois despencou, gerou diversas denúncias por fraude e abalou a confiança no mercado argentino.

Segundo Milei, a ideia parecia interessante porque visava financiar empresas argentinas, mas ele decidiu apagar a publicação quando percebeu os desdobramentos do caso. “Alguém vem e me propõe criar um instrumento para financiar projetos; me parece interessante. Por querer ajudar os argentinos, tomei um golpe”, afirmou.

A explicação do presidente ocorre em meio a uma forte crise de confiança. O episódio já resultou em mais de 100 denúncias judiciais, incluindo acusações de fraude, associação ilícita e descumprimento de deveres como funcionário público. A Justiça argentina determinou que um tribunal federal centralize todas as investigações.

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Denúncias nos EUA

O escândalo não se restringe à Argentina. Um escritório de advocacia norte-americano apresentou uma denúncia ao FBI e ao Departamento de Justiça dos EUA, alegando que a fraude envolveu milhares de investidores, incluindo cidadãos americanos.

Na denúncia, os advogados afirmam que Milei e outros envolvidos participaram de um esquema fraudulento para inflar artificialmente o preço da criptomoeda, permitindo que alguns poucos lucrassem milhões de dólares antes do colapso do ativo.


Entre os alvos da ação judicial estão Julián Peh, CEO da Kip Network, empresa por trás da criação de $LIBRA, e Martín Menem, presidente da Câmara dos Deputados da Argentina, que teria ajudado a impulsionar o token ao compartilhar publicações nas redes sociais.

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Reações (do mercado e da política)

O impacto da polêmica foi sentido no mercado financeiro. A bolsa de valores argentina caiu mais de 5%, refletindo a instabilidade gerada pelo escândalo. O episódio também deu munição à oposição, que já fala em abrir um processo de impeachment contra Milei e criar uma comissão parlamentar para investigar a fraude.

No entanto, analistas políticos avaliam que o impeachment dificilmente prosperará, pois Milei ainda mantém forte apoio popular, especialmente por sua agenda de combate à inflação. “O presidente era visto como um símbolo de transparência, mas esse episódio abriu uma brecha nessa percepção”, afirmou o analista político Carlos Germano à AFP.