Análise é feita a partir de amostras de sangue, usando leitura de genes; tecnologia foi desenvolvida pela Universidade de Stanford, nos EUA.
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Tudo sobre Inteligência Artificial
Já vimos inteligências artificiais capazes de gerar imagens, vídeos e músicas. De melhorar processos dentro de empresas, controlar uma casa inteligente e até mesmo entregar seu conteúdo favorito nas redes sociais. Os limites para essa tecnologia são quase inimagináveis. E uma nova – e importante – aplicação acaba de surgir nos Estados Unidos.
Pesquisadores da Universidade de Stanford desenvolveram uma ferramenta de IA que pode entregar diagnósticos de doenças e infecções. Mais do que isso: a novidade consegue identificar casos antigos e até mesmo o estágio atual da enfermidade. Isso pode revolucionar os tratamentos médicos.
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Isso tudo a partir de simples amostras de sangue. Os cientistas treinaram a máquina para identificar padrões já conhecidos de uma série de doenças. E os resultados foram animadores.
Em um estudo recente publicado na revista Science, a IA teve uma taxa de acerto no diagnóstico de 0,986. A nota perfeita seria 1,000.
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Como a IA faz tudo isso?
- A partir de uma leitura dos nossos genes.
- O sangue carrega uma série de células do sistema imunológico – e elas guardam uma espécie de histórico de doenças passadas e atuais.
- Os linfócitos B produzem anticorpos que atacam vírus e outros agressores do organismo.
- Já os linfócitos T atuam na destruição de células já infectadas.
- Quando uma pessoa tem uma infecção ou doença autoimune (como é o caso do diabetes tipo 1), há um aumento desses glóbulos brancos – e eles começaram a produzir substâncias receptoras.
- A IA de Stanford consegue justamente sequenciar os genes desses receptores, fazendo um relatório sobre nossa imunidade.
- Na pesquisa, os cientistas analisaram amostras de sangue de 542 pacientes.
- A IA foi capaz de identificar que 63 deles já tiveram Covid-19 em algum momento da vida, que 95 tinham o vírus HIV, que 92 eram diabéticos tipo 1 e que 37 haviam sido vacinados recentemente contra a gripe.
- Como dissemos lá em cima, a taxa de acerto da máquina foi de quase 99%.
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A IA pode substituir os médicos?
A resposta é não. A ideia dos cientistas é que essa tecnologia possa auxiliar os médicos e não substituí-los. Algo como um assistente de luxo.
De acordo com os pesquisadores, a IA deve se mostrar extremamente útil para diagnósticos desafiadores. Por exemplo quando doenças diferentes têm os mesmos sintomas.
Além disso, é possível que, no futuro, a IA possa apontar em que estágio a doença se encontra, detectando causas a serem combatidas e oferecendo as melhores opções de tratamento. A máquina poderia ainda ser treinada para identificar uma ou mais enfermidades.
Isso, no entanto, deve ocorrer apenas no médio ou longo prazo. Os pesquisadores são taxativos ao afirmar que a inovação não está pronta para uso clínico. Isso por que a ferramenta ainda comete erros e precisa de aperfeiçoamento.
O caminho, porém, parece extremamente promissor. Que venham os novos estudos!
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Colaboração para o Olhar Digital
Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.
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Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.
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