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​A Sthorm, ecossistema que usa blockchain e ativos digitais para preservar a vida na terra, por meio da PlanetaryX, anunciou o lançamento de um novo ativo digital denominado Ativos de Resiliência de Biodiversidade (B.R.A.s). O anúncio ocorreu durante o TEDx Boston, onde o CEO da PlanetaryX, Nathanial Matthews, destacou a urgência de valorizar e proteger os ecossistemas naturais. ​

A iniciativa, que já está em fase de implementação no sul da Bahia, busca combater séculos de exploração gratuita dos ecossistemas, propondo um modelo que remunera comunidades e protege a natureza em tempo real.

“Entramos em uma loja, enchemos o carrinho e saímos sem pagar. É assim que tratamos a natureza há séculos”, alertou Matthews, ao destacar a urgência de enfrentar a “fatura” chegando: 75% das terras do planeta estão degradadas, 1 milhão de espécies estão ameaçadas e os custos da perda de biodiversidade podem atingir US$ 2,7 trilhões anuais até 2030. “A crise climática é um sintoma de um problema maior: não valorizamos a natureza viva. Árvores valem mais mortas do que em pé, e isso precisa mudar”, afirmou.

A solução apresentada pela Sthorm são os B.R.A.s, ativos digitais que representam serviços ecossistêmicos mensuráveis, como sequestro de carbono, saúde do solo, biodiversidade e resiliência comunitária. Combinando tecnologias como inteligência artificial, blockchain, DNA ambiental e sensoriamento remoto, cada ativo é monitorado em tempo real, garantindo transparência e rastreabilidade.

“Não se trata apenas de carbono. É sobre valorizar a complexidade da vida: uma colher de solo da Amazônia tem mais micróbios que humanos no planeta”, explicou Matthews.

Matthews também enfatizou que, por séculos, a humanidade tem usufruído dos serviços gratuitos fornecidos pela natureza, como ar puro, solos férteis e água fresca, sem considerar os custos associados à degradação ambiental. Ele alertou que atualmente cerca de um milhão de espécies estão em risco de extinção e que até 75% das terras do planeta estão significativamente degradadas.

10 mil hectares em blockchain na Bahia

Enquanto Matthews discursava em Boston, uma equipe da Sthorm iniciava no Brasil seu primeiro projeto de grande escala: 10.500 hectares no sul da Bahia, vinculados à produção de cacau em sistemas agroflorestais (Cabruca).

A região, que integra Mata Atlântica e ecossistemas costeiros, teve suas primeiras 41 parcelas analisadas com inventários de biodiversidade, incluindo áreas de manguezais e wetlands. Tecnologias como DNA ambiental e avaliação de solo em tempo real (parceria com a GROINN) garantem dados precisos para a certificação dos B.R.A.s.

O modelo assegura que até 90% dos recursos gerados pelos ativos sejam direcionados diretamente a comunidades locais e grupos indígenas, via carteiras digitais e contratos inteligentes.

“É uma forma de parar de obrigar pessoas a escolherem entre derrubar uma árvore ou passar fome”, destacou o CEO.

Além disso, os B.R.A.s podem ser fracionados: um par de sapatos ou uma xícara de café podem carregar uma fração do ativo, permitindo que consumidores rastreiem como seu consumo protege metros quadrados da Amazônia ou apoiam agricultores regenerativos.

Um exemplo recente é a exportação de 4,5 toneladas de cacau agroflorestal pela Origin Amazonia, ligada aos B.R.A.s. Cada transação reconhece não apenas o produto, mas o trabalho de décadas de comunidades na preservação de ecossistemas.

“É o ‘boleto’ que ignoramos por séculos”, brincou Matthews, referindo-se aos US$ 44 trilhões em serviços ecossistêmicos que a natureza fornece gratuitamente anualmente.

O desafio, no entanto, é grande: o financiamento para a proteção da biodiversidade tem um déficit de US$ 711 bilhões por ano. Para Matthews, a resposta está na união entre tecnologia e mercados responsáveis.

“Empresas não serão bem-sucedidas sem a natureza. É hora de pagarmos a conta antes que o preço seja devastador”, concluiu.